sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

um livro e uma carta


Um dia sem nada para fazer, resolvi passar em um sebo que tem na rua do lado da minha.
Gosto muito de ir lá porque, claro, tem livros muito baratos, e sempre vou para parte de livros de terror/suspense porque adoro.

Nesse dia, aleatoriamente, fui para o lado contrário de onde costumo olhar os livros.
Estava na parte de pensadores, filósofos e coisas desse tipo. Do lado, alguns livros de astronomia, que me interessaram muito mais. Enquanto estava olhando teorias sobre UFO's dos anos 50, reparei que tinha um livro pequeno, diferente dos outros, com a capa com um título que não lembro agora, mas estava bem apagado.

Obviamente peguei e comecei a olhar, era um livro de psicologia, terapia, depressão, essas coisas.
E quando estava indo colocar ele de volta na prateleira, percebi que tinha uma folha solta no meio.

Não era uma folha solta, era uma carta.


Uma carta escrita com uma letra muito bonita, em um papel sem linhas, bem amarelado.
Comecei a ler e, desculpem-se leitores, que não me lembro exatamente como ela era, e não tenho ela comigo para copiar o texto, mas dava para perceber que era uma mulher escrevendo.

Na carta, ela estava se desculpando para um homem. Namorado, talvez.
Ela se desculpava porque o amava, e ele também a amava.
Ela se desculpava por te-lo abandonado em um dia ensolarado, saindo da pequena casa antes dele acordar.
Mas, pelo que deu a entender, ela não o abandonou por que não o amava.
Como ela disse, disso eu lembro, ela precisava viver livre, sair pelo mundo em sua van e seguir pelo litoral até encontrar seu destino.
O problema é que seu destino foi outro homem, que ela havia casado e tinha filhos.
Mas, essa parte eu também lembro bem, ela nunca havia deixado de pensar em todos os momentos que eles tiveram juntos deitados nos parques ou na praia em cima de toalhas ouvindo músicas e compartilhando todo aquele amor.
E então terminava a carta dizendo que esperava que ele tivesse recebido a carta, e desejava o melhor para ele, e que ela nunca deixaria de pensar nele.

Eu fiquei muito tempo lendo aquela carta, era bem grande, e dava para sentir todo o sentimento nela.
Dava para sentir que, por mais que ela estivesse arrependida de ter abandonado seu amor, ela teria sido infeliz ao seu lado, porque não pode ser livre.

Pensei em guardar a carta na minha bolsa. Mas se a carta estava naquele livro, quem sabe não teria outra coisa lá também?
Olhei para o livro, para a carta, e para o livro de volta.
Será que ele que tinha colocado ela lá?
Será que ela ainda estava esperando que ele recebesse a carta?
Com essa segunda opção na cabeça, coloquei o livro no mesmo lugar.
E mesmo se não fosse isso, alguém encontraria de novo aquela carta, a leria e poderia imaginar a história dos dois, como eu fiz, ou simplesmente ignora-la.


E foi com uma carta dos anos 70 que aprendi um pouco mais sobre a vida.


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